terça-feira, 15 de novembro de 2016

COISA POUCA DE POESIA NENHUMA

COISA POUCA DE POESIA NENHUMA

A resposta
Se gostas de mim
Ouvi-a no estalar da mão
A bater as asas a mosca
Sobre a bosta
A compota de gergelim
A barrar o pão
A rosca
O gargalo quebrado
Um decote de bolor
E sem saber se ainda gosta
Trouxe o chá das margens do vale
E a chávena antiga
Porcelana de viva cor
Íntima carnal
Luto dor

Nunca as tardes da monotonia
Foram coisa pouca
Ou nenhuma poesia
Alvo de pudor
No recatado lar
Ao som do silêncio bruto
Nas horas a pairar
Uma dócil antiguidade
Líquida a fumegar
Uma sede atrevida
De simples versos
Ao entardecer

Um vazio preenchido de pó
Escurecido ardente
Incontido na garganta o nó
Da claridade dormente
Em sonolentos sentidos
Que ao paladar
Os dias deglutidos
Quase todos por mastigar
Em receita de segredo
Sabem a nada
E a coisas
Com medo
musa

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